sexta-feira, 17 de julho de 2009

Chico Buarque

Há 35 anos, Portugal assistia brotar a última das “flores da utopia revolucionária”. A Revolução dos Cravos, talvez o mais romântico e belo dos golpes de Estado do século XX. Oficiais das Forças Armadas deixaram os quartéis e, praticamente sem resistência, puseram fim a 48 anos de uma ditadura cujas raízes estavam fincadas no fascismo dos anos 20. De quebra, o movimento virou do avesso o mundo lusófono.
Em uma manifestação que não se sabe ao certo de quem partiu, um cravo vermelho foi colocado no cano da espingarda de um dos soldados revoltosos. O gesto se repetiu, com a população civil oferecendo flores aos militares. Foi a imagem que garantiu o glamour definitivo à revolução.
A história é conhecida, mas só a beleza da canção já justifica o registro. Em 1975, Chico Buarque escreveu a canção "Tanto Mar", em louvor à Revolução dos Cravos. A música foi censurada e a liberação só veio três anos depois. Mas os ares já eram outros e Chico acabou mudando a letra.
A primeira versão dizia: “Sei que estás em festa, pá/Fico contente/E enquanto estou ausente/Guarda um cravo para mim/Eu queria estar na festa, pá/Com a tua gente/E colher pessoalmente alguma flor/No teu jardim/Sei que há léguas a nos separar/Tanto mar, tanto mar/Sei também quanto é preciso, pá/Navegar, navegar/Lá faz primavera pá/Cá estou doente/Manda urgentemente algum cheirinho/De alecrim”.
A segunda versão: “Foi bonita a festa, pá/Fiquei contente/Ainda guardo renitente um velho cravo para mim/Já murcharam tua festa, pá/Mas certamente/Esqueceram uma semente nalgum canto de jardim/Sei que há léguas a nos separar/Tanto mar, tanto mar/Sei, também, quanto é preciso, pá/Navegar, navegar/Canta primavera, pá/Cá estou carente/Manda novamente algum cheirinho de alecrim”.

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